sábado, 8 de agosto de 2009

Maratona de Berlim - Tributo ao Corredor


Ao entrar às pressas de um treino, o pai se depara com o pimpolho de três anos. Vendo-o, suando por todos os poros, o garoto pergunta ao pai: - Pai, porque quando você corre você fica tão suado e do trabalho, que você demora muito mais, não fica? A esposa que estava por perto e que não é lá muito solidária com a paixão do marido arremata: - as corridas pagam bem mais do que o trabalho!
Vamos deixar no ar a resposta do pai.
Correr é sem dúvida uma opção e, difícil é parar, depois que tiver começado. As razões para correr são inúmeras. Já vi inclusive uma lista de 42 razões para se correr uma maratona: uma para cada quilômetro!


Vencedor do inútil


Com o tempo, o corredor se transforma em um herói, pelo menos para ele mesmo. Um herói solitário, vencedor do inútil, que preza muito o seu coração fiel, afinal são no mínimo 35 mil batimentos, em uma única maratona!
Corredor é um narcisista incorrigível, para quem o próprio corpo é uma fonte inesgotável de prazer e por isso ele venera cada membro, cada músculo ou a menor de suas veias. O corredor quase sempre sabe conversar com seu corpo. Essa viagem para dentro de si, começa já nos primeiros treinos, nas primeiras dores, nas primeiras câimbras - é quando ele toma conhecimento do emaranhado de “peças” que compõe a sua “máquina”. E essas “peças” costumam doer. Cada uma tem o seu momento. No início isso é mais perceptível.
Correr 40 kms é muito mais do que dar 40 mil passadas, é orquestrar e coordenar o trabalho de milhares de órgãos, membros, ossos, vértebras, afugentar as dores, a sede, distrair a mente para que ela continue a tocar a musica que faça vibrar em uníssono todas as energias em busca do resultado: chegar bem!


Felicidade x Bem estar


Pode parecer paradoxal mas o que o corredor busca, é o bem estar. Bem estar não é a mesma coisa que felicidade, felicidade nunca acaba, mas também nunca chega, já o bem estar você sente quando nada mais incomoda, nem perturba, ele acontece quando se deixa de querer algo diferente daquilo que se tem naquele exato momento. Um fluir que se encontra entre a escala do prazer do relaxamento e a energia do êxtase. Ele evolui no mesmo ritmo em que busca o oxigênio, flui como se respira. O corredor, no auge da comunhão entre corpo e mente, se sente cavalgando aquela onda que nunca quebra, como se encontrasse a nota perfeita na plasticidade da passada que o faz avançar. Quando ele atinge esse estado, o tempo, que é algo externo, não lhe interessa, uma vez que ele só tem olhos para o que acontece durante a sua viagem interior. Assim, o corredor é também um místico, no sentido de, ao transcender, ele promove a união pessoal com o seu Ser superior.
A expressão de dor no rosto do corredor já não é mais sofrimento e sim sinal de superação! Como o poeta “ele finge que não é dor, a dor que deveras sente”.


Renascer para uma vida melhor
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