domingo, 15 de novembro de 2009

Primeira Maratona - só para os meus melhores leitores: VOCÊ!




“Se você me fala, eu esqueço, se você me mostra eu entendo, se você me envolve eu aprendo.”


“Experienciar” é a única garantia de aprendizado de algo. No esporte, não parece ser diferente. Antes de ir para a minha primeira maratona já havia lido muita coisa a respeito da preparação e dos cuidados necessários, além das recomendações de amigos, corredores e maratonistas. No entanto percebo que acabei cometendo muitos dos equívocos, os mais elementares. Desinteresse? Falta de atenção? Nada disso: penso que no fundo nós só fazemos realmente nosso, aquilo que experimentamos. A experiência de cada um é individual, única e exclusiva porque antes de se tornar a nossa realidade ela passa por todos os filtros (crenças, valores, etc.), tudo aquilo que faz de nós um indivíduo.


Àqueles que, de algum modo, se interessam por corridas se destinam os comentários que farei a seguir. Não são dicas mas experiências pessoais que, na melhor das hipóteses irá deixá-lo tentado a querer experimentar.


Tudo é importante na preparação de uma corrida. É claro que aquela que exigir mais de nós, tanto física quanto mentalmente, necessitará de uma preparação mais longa e/ou intensa. Correr uma maratona, no meu entender, pode ser considerado um marco, quase um limite para pessoas normais. Ir além já não é para qualquer um, são os “quase semi-deuses”!

Esperei os 60 anos para, me armar de coragem e enfrentar a minha primeira, de muitas outras!
Falava da minha preparação. E a pergunta que surge é: onde pequei? Será que pequei? Penso que o melhor seria dizer: onde aprendi? o que aprendi?.

-Aprendi que a preparação da mente é tão importante (ou mais) que a do físico. Hoje, por exemplo, corri os 10km da 1ª. Virada esportiva de Campinas. Lá pelo km8 me perguntava, como eu pude correr mais de 40kms se para correr estes 10kms eu estou me sentindo quase no limite, sendo que fisicamente não estou muito distante daquele 20 de setembro? Deduzi que para correr 10km era apenas algo físico, os outros 30 e poucos ficavam para a mente cuidar!

-Na véspera de correr a minha maratona, como é de praxe, procurei por um prato de massas. Diante de um belíssimo cenário, às margens do rio Havel, que corta Berlim, pedi uma sopa de massas à bolonhesa. Acho que veio uma “bolonhesa” de massas. Comi e, na madrugada o estômago estava, vamos dizer bem “revolto”. Na próxima vez vou comer um macarrão simplesmente “ao alho e óleo”.

-A organização da maratona pediu para que os atletas chegassem duas horas antes da largada. Cheguei 2h10 antes. Ocorre que meu “café da manhã” acabou sendo muito cedo e frugal para um dispêndio de energia tão grande. Resultado: fiquei com bastante fome na segunda metade da corrida. A banana e a maçã, que ofereceram no km 37, eram tão saborosas que me fizeram lembrar de uma picanha, sangrando, lá do Santa Gertrudes.

-Durante a prova esperava uma temperatura entre 12 e 14 graus, esteve acima de 18. Na segunda metade acabei pegando água em todos os postos. Mesmo assim faltou me hidratar melhor (externamente, jogando água no corpo). Curiosamente achava a água jogada pelos bombeiros muito fria e assim evitei. Medo do frio e outras consquências, apesar de me sentir extremamente aquecido. Sensação estranha!

-Fazer o reconhecimento do trajeto antes. Fiz uma opção: dei preferência a comparecer à feira, a qual aliás não tinha como evitar, uma vez que o kit deveria ser retirado lá e, no dia do reconhecimento, que pretendia fazer de bicicleta, preferi descansar. Repassar mentalmente o percurso, antes, amplia a nossa capacidade de enfrentá-lo, uma vez que elimina a possibilidade de estresse resultante de possíveis surpresas. No caso de Berlim a situação não é tão séria porque praticamente não existem subidas ou trechos mais complicados, mas de qualquer modo, saber o que virá pela frente é um fator que ajuda muito na motivação e na dosagem do esforço.

-A técnica da visualização. Após certa quilometragem, a dosagem do esforço empregado depende às vezes de detalhes tão pequenos e por isso mesmo não lhes damos a devida atenção. A visualização consiste em imaginar algo positivo, motivador, que possa acontecer como resultante de nosso esforço,: transpor a linha de chegada, receber o incentivo de alguém importante para nós ou mesmo nos ver no momento logo após a chegada repassando todo o percurso da preparação.

São inúmeras as possibilidades. O resultado é quase sempre uma nova onda de energia que percorre o nosso corpo, neutralizando dores, cansaço e outros desconfortos. Esta técnica se treina antes.

Tudo que mencionei eu já sabia antes, nada era novidade, mas precisei passar pela experiência negativa (negativa?) para entender a importância de me atentar para cada detalhe e assim fazer com que tudo, por mais insignificante que fosse, viesse contribuir a meu favor.

Não obstante, a Minha Primeira Maratona foi concluída, com uma ENORME satisfação e apesar das 5h31m, sempre correndo (em nenhum momento caminhando), quando me senti parte dessa grandiosa festa do esporte mundial (Berlim é uma das cinco maiores maratonas do mundo) a Maratona de Berlim, em sua 36ª. edição, no ano em que os berlinenses e todos nós, povos livres, comemoramos o aniversário de 20 anos da Queda do Muro de Berlim.

Agora, com a distância, no tempo e no espaço, ao me recordar do momento de transpor o Portal de Brandenbourg (Brandenburger Tor), logo após os 42km corridos, posso afirmar que me sinto muito orgulhoso por fazer um pouco parte da nossa história recente. História que sempre foi repleta de sacrifícios e de luta, na busca da liberdade.
Coisas do esporte!
W. Avila

Renascer para uma vida melhor
http://www.i-coaching.com.br/

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